2.4.16

CÃO SOLTEIRO . CICLO DE CONVERSAS

 
CÃO SOLTEIRO
PONTO DE GRAVIDADE
CICLO DE CONVERSAS ALEATÓRIAS COM INVESTIGADORES DE VÁRIAS ÁREAS

2 DE ABRIL A 7 DE MAIO
TODOS SÁBADOS ÀS 18H
Entrada Livre


Como tomamos decisões e o que é uma boa decisão? De que modo nos ajudam as gargalhadas enlatadas numa série? Trabalhamos em prol da posteridade ou procuramos a todo o custo despromover-nos e evitar ser lembrados? Como nos ensinam os jogos de computador a pensar? Quando devemos rejeitar a influência e a amizade de algumas pessoas? Estes são os temas do ciclo de conversas que se inicia no sábado, dia 2, às dezoito, no Cão Solteiro. 

2 ABRIL | 18h
DECISÕES | JOANA SÁ*

Todos os dias temos de tomar decisões, muitas das quais inconscientes. Inconscientes são também muitas vezes as decisões que são tomadas por nós. Mas o que quer dizer tomar uma boa decisão? Que tipo de informação é necessária?
Durante esta conversa iremos tentar convencer-nos de que saber fazer (algumas) contas é muito útil. E que o método científico nos pode ajudar a resolver questões tão fundamentais como: Valerá a pena fazer um desvio para ir a uma bomba de gasolina mais barata? E se a fila tiver 5 carros? Qual é a melhor altura do ano para procriar em Portugal? E na Indonésia?
Se tivermos tempo, também podemos falar sobre eleições, decisões políticas e tentar perceber se o Maduro está certo e se a CIA matou o Chávez e deu cancro ao Lula e à Dilma.

* Entrou para o Programa Gulbenkian de Doutoramento em Biomedicina e desenvolveu a sua tese de doutoramento na Universidade de Harvard, nos EUA. É coordenadora do Programa de pós-graduação Ciência para o Desenvolvimento e investigadora independente no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) desde 2011, onde o seu grupo de investigação se dedica a perceber como utilizar o método científico para melhorar o processo decisório, principalmente em política.


9 ABRIL – 18h
GARGALHADAS ENLATADAS: QUE FELICIDADE!  | CATARINA MOURA*

Apesar de serem frequentemente associadas a sitcoms de fraca qualidade, as gargalhadas enlatadas nunca foram completamente afastadas da televisão: afinal, é um descanso sabermos quando temos que rir. Há nelas qualquer coisa de sociedade da produção, pelo menos em dois aspectos: a infinita reprodução do mesmo som maquinal (apesar de muitas vezes originado em audiências de pessoas), e a camada de felicidade que acrescentam aos programas. Alguns produtos televisivos recusam-nas, elas não estão na sua filosofia. Acontece no The Office (UK) porque, como nos explica o mockumentary de Ricky Gervais e Stephen Merchant, a vida não é assim tão engraçada.

* É licenciada em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde fez ainda uma pós-graduação em Artes da Escrita e termina agora o Mestrado em Estudos Ingleses e Norte-Americanos. Ao mesmo tempo, é jornalista freelancer para o Público, na secção de Cultura.

16 ABRIL | 18h
FALSIFICAÇÕES EM ARTE | TERESA GONÇALVES*

Saber que uma obra de arte é falsa influencia a nossa opinião acerca dessa obra e tem consequências importantes na vida das pessoas que se interessam por arte.

* Nasceu, estudou e vive em Lisboa. É a autora de Fakes in Art (2013), edição da sua tese de doutoramento(FLUL). Interessa-se por cinema, estética, música e discussões em que problemas prosaicos dão origem a investigações improváveis.


23 ABRIL | 18h
A POSTERIDADE SEGUNDO ALEXANDRE O’NEILL | JOANA MEIRIM *

A conversa tem como ponto de partida as diferentes formas como os poetas lidam com as ambições literárias e como encaram a posteridade. Uns têm esperança de que a fama póstuma recompense os silêncios dos contemporâneos; outros parecem ter a certeza de que o futuro garante a sua celebridade, escrevendo uma obra como quem escreve uma carta à posteridade; e alguns desvalorizam a ideia de um plano que assegure a sua fama póstuma. É sobre este último grupo que a conversa vai incidir tomando como exemplo o caso do poeta Alexandre O’Neill. O projecto poético de O’Neill visa a despromoção de si e dos outros, fazendo poemas “sem intenção de publicidade” e considerando que a sua mortalidade humana e literária são uma e a mesma coisa.

* Doutorou-se em Teoria da Literatura (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) com uma tese sobre diferentes maneiras de encarar a posteridade, estudando os casos de Jorge de Sena e de Alexandre O’Neill. É investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica Portuguesa e professora de Português no Ensino Secundário.


30 ABRIL | 18h
A ARTE DE RECUSAR AMIGOS | MARIA SEQUEIRA MENDES*

Quando, em 1937, o livro How to Make Friends and Influence People foi publicado, ninguém esperava um grande sucesso de vendas. A obra de Dale Carnegie pretende “ajudar-nos a fazer amigos rapidamente e com facilidade, bem como a aumentar a nossa popularidade, influência e prestígio”. Mas serão estes propósitos desejáveis? Note-se que bons reis e heróis têm amigos fiéis, enquanto os vilões costumam ter e ser maus amigos (tantas vezes mascarados de pessoas afáveis). Os leitores de romances sabem que devem duvidar de algumas personagens assim que elas aparecem – como sucede com Long Silver John, em Treasure Island, cuja “silvered tongue” indicia perigosos traços de personalidade. A ficção é bem melhor do que a vida neste aspecto, dado que os nomes das pessoas que nos rodeiam não parecem revelar características particulares sobre a sua personalidade. Daí resulta a necessidade de perceber 1) em que consiste a arte de fazer amigos, 2) como distinguir amigos de inimigos, e 3) defender (contra Carnegie) que em muitos casos recusar a amizade e a influência de algumas pessoas é absolutamente imprescindível.

* É professora adjunta na Escola Superior de Teatro e Cinema. Doutorou-se no Programa em Teoria da Literatura, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. De momento, encontra-se a ler tudo o que encontra sobre lisonja para no futuro escrever um livro aborrecido sobre o tema.

7 MAIO| 18h
PLAYSTATION | NUNO FONSECA*

De Bertie the Brain (1950) ao Minecraft (2011) ou às mais recentes aplicações lúdicas para smartphone, sucessivas gerações de jogadores puderam crescer imersas em universos digitais revelados por ecrãs de raios catódicos e telas de cristais líquidos, onde podiam combater inimigos pixelizados, competir com algoritmos resilientes, representar personagens cintilantes em narrativas labirínticas ou gerar mundos de areia ubíqua, bastando para isso premir dois ou três botões, agitar um 'joystick' ou fazer deslizar os dedos em superfícies acrílicas. Essa experiência, feita de sensações visuais, auditivas e hápticas, de percepções e acções ergódicas, mas também de fluxos de energia libidinal e libertação de endorfinas, serviu para nos treinar em processos de pensamento e acção que contaminaram muitas outras esferas do nosso quotidiano, de tal modo que se pôde começar a falar, a determinada altura, de ludificação da cultura.
Nesta conversa propõe-se discutir recursos e processos lúdicos nas práticas artísticas contemporâneas que convocam e revocam as experiências estéticas dos jogos de computador.

* É investigador do Instituto de Filosofia da Nova e tem leccionado no departamento de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a disciplina de “Retórica e Argumentação” (2012-2014). Doutorou-se, em 2012, na Universidade Nova de Lisboa em Filosofia, na especialidade de Epistemologia e Filosofia do Conhecimento, trabalhando sobre questões de representação e de percepção.

Com o Apoio da dgARTES | REPÚBLICA PORTUGUESA Cultura