CÃO SOLTEIRO
PONTO DE GRAVIDADE
CICLO DE CONVERSAS ALEATÓRIAS COM INVESTIGADORES DE VÁRIAS ÁREAS
2 DE ABRIL A 7 DE MAIO
TODOS SÁBADOS ÀS 18H
Entrada Livre
Como tomamos decisões e o que é uma boa decisão? De que modo nos ajudam as
gargalhadas enlatadas numa série? Trabalhamos em prol da posteridade ou
procuramos a todo o custo despromover-nos e evitar ser lembrados? Como nos
ensinam os jogos de computador a pensar? Quando devemos rejeitar a influência e
a amizade de algumas pessoas? Estes são os temas do ciclo de conversas que se
inicia no sábado, dia 2, às dezoito, no Cão Solteiro.
2 ABRIL | 18h
DECISÕES | JOANA SÁ*
Todos os dias temos de
tomar decisões, muitas das quais inconscientes. Inconscientes são também muitas
vezes as decisões que são tomadas por nós. Mas o que quer dizer tomar uma boa
decisão? Que tipo de informação é necessária?
Durante esta conversa
iremos tentar convencer-nos de que saber fazer (algumas) contas é muito útil. E
que o método científico nos pode ajudar a resolver questões tão fundamentais
como: Valerá a pena fazer um desvio para ir a uma bomba de gasolina mais
barata? E se a fila tiver 5 carros? Qual é a melhor altura do ano para procriar
em Portugal? E na Indonésia?
Se tivermos tempo, também
podemos falar sobre eleições, decisões políticas e tentar perceber se o Maduro
está certo e se a CIA matou o Chávez e deu cancro ao Lula e à Dilma.
* Entrou para o Programa
Gulbenkian de Doutoramento em Biomedicina e desenvolveu a sua tese de
doutoramento na Universidade de Harvard, nos EUA. É coordenadora do Programa de
pós-graduação Ciência para o Desenvolvimento e investigadora independente no
Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) desde 2011, onde o seu grupo de investigação
se dedica a perceber como utilizar o método científico para melhorar o processo
decisório, principalmente em política.
9 ABRIL – 18h
GARGALHADAS ENLATADAS:
QUE FELICIDADE! | CATARINA MOURA*
Apesar de serem
frequentemente associadas a sitcoms de fraca qualidade, as gargalhadas
enlatadas nunca foram completamente afastadas da televisão: afinal, é um
descanso sabermos quando temos que rir. Há nelas qualquer coisa de sociedade da
produção, pelo menos em dois aspectos: a infinita reprodução do mesmo som
maquinal (apesar de muitas vezes originado em audiências de pessoas), e a
camada de felicidade que acrescentam aos programas. Alguns produtos televisivos
recusam-nas, elas não estão na sua filosofia. Acontece no The Office (UK)
porque, como nos explica o mockumentary de Ricky Gervais e Stephen Merchant, a
vida não é assim tão engraçada.
* É licenciada em
Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa, onde fez ainda uma pós-graduação em Artes da Escrita
e termina agora o Mestrado em Estudos Ingleses e Norte-Americanos. Ao mesmo
tempo, é jornalista freelancer para o Público, na secção de Cultura.
16 ABRIL | 18h
FALSIFICAÇÕES EM ARTE |
TERESA GONÇALVES*
Saber que uma obra de
arte é falsa influencia a nossa opinião acerca dessa obra e tem consequências
importantes na vida das pessoas que se interessam por arte.
* Nasceu, estudou e vive
em Lisboa. É a autora de Fakes in Art (2013), edição da sua tese de
doutoramento(FLUL). Interessa-se por cinema, estética, música e discussões em
que problemas prosaicos dão origem a investigações improváveis.
23 ABRIL | 18h
A POSTERIDADE SEGUNDO
ALEXANDRE O’NEILL | JOANA MEIRIM *
A conversa tem como ponto
de partida as diferentes formas como os poetas lidam com as ambições literárias
e como encaram a posteridade. Uns têm esperança de que a fama póstuma
recompense os silêncios dos contemporâneos; outros parecem ter a certeza de que
o futuro garante a sua celebridade, escrevendo uma obra como quem escreve uma
carta à posteridade; e alguns desvalorizam a ideia de um plano que assegure a
sua fama póstuma. É sobre este último grupo que a conversa vai incidir tomando
como exemplo o caso do poeta Alexandre O’Neill. O projecto poético de O’Neill
visa a despromoção de si e dos outros, fazendo poemas “sem intenção de
publicidade” e considerando que a sua mortalidade humana e literária são uma e
a mesma coisa.
* Doutorou-se em Teoria
da Literatura (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) com uma tese
sobre diferentes maneiras de encarar a posteridade, estudando os casos de Jorge
de Sena e de Alexandre O’Neill. É investigadora do Centro de Estudos de
Comunicação e Cultura da Universidade Católica Portuguesa e professora de
Português no Ensino Secundário.
30 ABRIL | 18h
A ARTE DE RECUSAR AMIGOS
| MARIA SEQUEIRA MENDES*
Quando, em 1937, o livro How to Make Friends and Influence People
foi publicado, ninguém esperava um grande sucesso de vendas. A obra de Dale
Carnegie pretende “ajudar-nos a fazer amigos rapidamente e com facilidade, bem
como a aumentar a nossa popularidade, influência e prestígio”. Mas serão estes
propósitos desejáveis? Note-se que bons reis e heróis têm amigos fiéis,
enquanto os vilões costumam ter e ser maus amigos (tantas vezes mascarados de
pessoas afáveis). Os leitores de romances sabem que devem duvidar de algumas
personagens assim que elas aparecem – como sucede com Long Silver John, em Treasure Island, cuja “silvered tongue”
indicia perigosos traços de personalidade. A ficção é bem melhor do que a vida
neste aspecto, dado que os nomes das pessoas que nos rodeiam não parecem
revelar características particulares sobre a sua personalidade. Daí resulta a
necessidade de perceber 1) em que consiste a arte de fazer amigos, 2) como
distinguir amigos de inimigos, e 3) defender (contra Carnegie) que em muitos
casos recusar a amizade e a influência de algumas pessoas é absolutamente
imprescindível.
* É professora adjunta na
Escola Superior de Teatro e Cinema. Doutorou-se no Programa em Teoria da
Literatura, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. De momento,
encontra-se a ler tudo o que encontra sobre lisonja para no futuro escrever um
livro aborrecido sobre o tema.
7 MAIO| 18h
PLAYSTATION | NUNO FONSECA*
De Bertie the Brain
(1950) ao Minecraft (2011) ou às mais recentes aplicações lúdicas para
smartphone, sucessivas gerações de jogadores puderam crescer imersas em
universos digitais revelados por ecrãs de raios catódicos e telas de cristais
líquidos, onde podiam combater inimigos pixelizados, competir com algoritmos
resilientes, representar personagens cintilantes em narrativas labirínticas ou
gerar mundos de areia ubíqua, bastando para isso premir dois ou três botões,
agitar um 'joystick' ou fazer deslizar os dedos em superfícies acrílicas. Essa experiência,
feita de sensações visuais, auditivas e hápticas, de percepções e acções
ergódicas, mas também de fluxos de energia libidinal e libertação de
endorfinas, serviu para nos treinar em processos de pensamento e acção que
contaminaram muitas outras esferas do nosso quotidiano, de tal modo que se pôde
começar a falar, a determinada altura, de ludificação da cultura.
Nesta conversa propõe-se
discutir recursos e processos lúdicos nas práticas artísticas contemporâneas
que convocam e revocam as experiências estéticas dos jogos de computador.
* É investigador do
Instituto de Filosofia da Nova e tem leccionado no departamento de Ciências da
Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa, a disciplina de “Retórica e Argumentação” (2012-2014). Doutorou-se, em
2012, na Universidade Nova de Lisboa em Filosofia, na especialidade de
Epistemologia e Filosofia do Conhecimento, trabalhando sobre questões de
representação e de percepção.
Com o Apoio da dgARTES |
REPÚBLICA PORTUGUESA Cultura